Resumos das comunicações

  • Aprendizagem e desenvolvimento literácito em Educação pré-escolar: o que se aprende antes de “ir para a escola”

Paulo Ferreira del Pino Fernandes

É hoje em dia evidente que a leitura de histórias promove uma variedade de competências nas crianças. Durante a leitura de histórias as crianças aprendem sobre a estrutura da língua escrita, sobre a organização do material impresso nos livros, para além de desenvolverem o vocabulário, capacidades de manutenção na tarefa (atenção e concentração) e interagirem com adultos e pares. A experiência linguística permite-lhes construir conhecimentos sobre léxico, novas estruturas sintácticas a par de novos usos do discurso. A leitura de histórias às crianças desenvolve atenção, o conhecimento linguístico e literácito, permitindo-lhes interagir construtivamente no decorrer da narrativa.
A aprendizagem Literácita ocorre, não só antes da aprendizagem formal da leitura e escrita, mas em contextos diversificados: dos mais formais (escola, jardim de infância) aos menos formais (familia e outros contextos comunitários).
O Projecto que aqui se apresenta pretende promover o desenvolvimento e a construção do conhecimento literácito nos diversos contextos de vida da criança entre os 3 e os 5 anos inscritos no JI de Estação (n=50). No jardim de Infância, o desenvolvimento de um projecto educativo com uma elevada intencionalidade nas áreas linguística e literácita, naturalmente implica a dinamização de momentos de leitura e exploração de Livros como recurso estratégico. Em contextos familiar, tem sido observada uma elevada adesão a proposta de leitura partilhada.
As primeiras avaliações do impacto do projecto apresentam indicadores significativos nos níveis de conhecimento linguístico e literácito dos grupos de crianças envolvidos bem como da melhoria qualitativa e quantitativa das interacções reportadas no contexto familiar.

  • Da música das palavras às palavras com música – itinerários de prosa, verso e rima nas criações da Companhia de Musica Teatral

Helena Rodrigues

Ler é interagir. Gadgi BeriBimba Gadgi BeriBim Gadgi BeriBimba GadgiGadgi BeriBum.
Ler é reconhecer. A patrulha do Crocodilo/ É a patrulha que patrulha o Nilo/ A esfinge dorme ou finge que é um faraó/ Mas é um gato de pedra no meio do pó.
Ler é imaginar. A patrulha das Centopeias/ Gastou as botas e ficou de meias/ Descalço o regimento, o andamento parado/ À espera de orçamento para comprar calçado.
Ler é acrescentar significados. A patrulha dos Jacarés/ Tem fardas de pele, da cabeça aos pés / Manda grandes bocas e tem maus modos/ Diz que usar Lacoste não é para todos.
A leitura é um afluente da comunicação. Canta, mamã canta pra menina/ Ela é flor, é uma princesa pequenina/ Canta, mamã canta pro menino/ Ele é príncipe, é tesouro pequenino.
Ler é seguir trilhos sonoros interiorizados. Corre, corre formiguinha/ Corre, corre sem parar/ Corre, corre o dia inteiro/ O dia inteiro a trabalhar.
Ler é relembrar histórias. A patrulha da Borboleta/ Tem quartel na maçã reineta / Ficam as larvas de sentinela/ E voa a borboleta com a patrulha dela.
Antes dos olhos, os ouvidos lêem. Olha como é linda essa menina/ Pérola negra, princesinha pequenina/ Pretinha boa, meu amor, amarelinha/ Minha riqueza, marreca, minha pestinha.
Antes dos ouvidos, o corpo. A Salamandra Sandra, ela manda, manda na banda/ A salamandra manda, ela manda, manda a salamandra,/ A salamandra Sandra, essa malandra/ A Sandra manda, ela manda na banda /A malandra da Sandra, ela manda na banda.
E antes do corpo. Deve respeitar-se a liberdade dos animais/ Devem livertar-se os animais/ Deve animalar-se o respeito/ Deve animalar-se a liberdade/ A resdade e o liberpeito são deveres do animal/ Os anipeitos de libermais devem a resdade/ Desrespeitem-se os dadanis e os libermais.Antes da leitura. Antes. Antes de antes. Muito antes!
(Texto construído a partir de letras de Paulo Maria Rodrigues em criações da CMT)

  • Dois braços para embalar, uma voz para contar: actividades de leitura para pais e bebés dos 9 meses aos 3 anos

Susana Silvestre

O laboratório de leitura “Dois braços para embalar uma voz para contar: actividades de leitura para pais e bebés dos 9 meses aos 3 anos “ decorre na Biblioteca Municipal D. Dinis (Odivelas), desde Novembro de 2006.
Tendo como principal objectivo sensibilizar os pais para a importância de familiarizar a criança com o livro, muito antes da aprendizagem formal da leitura, este projecto encontra-se estruturado em acções (crianças dos 9 aos 20 meses e dos 21 aos 36 meses), cada uma delas direccionada para grupos de 10 famílias. Com uma duração média de seis meses (sessões quinzenais), cada acção assenta numa estratégia de dinamização que é alvo de avaliação permanente, e, por conseguinte, alvo de alteração e de aperfeiçoamento de acordo com a resposta dos pares aos estímulos criados pelos mediadores da leitura.
Focando a atenção na família enquanto modelo afectivo mais significativo para o desenvolvimento de atitudes e de comportamentos emergentes de leitura, este laboratório, dinamizado por 3 mediadores, permitiu, até hoje, consolidar um trabalho continuado e regular com 62 famílias.
Incidindo na apresentação das metodologias utilizadas e nos resultados alcançados, com esta comunicação pretende-se partilhar com todos os presentes a nossa experiência, convictos que esta será útil na implementação de projectos semelhantes.

  • Histórias com Vida em Livros sem Letras

Eduarda Coquet

As histórias “vivem nas gentes” independentemente de estarem ou não escritas.
As histórias tradicionais ou de tradição oral, sempre ficaram na memória de todos, independentemente de serem letrados ou iletrados. Foi assim durante séculos, será assim mais uns quantos séculos.
Ouvir ler, ou ler, histórias escritas é tarefas para os nossos ouvidos e para a nossa imaginação. Ler histórias “sem letras” é tarefa para os nossos olhos e para a nossa bagagem de vivências que nos permite interpretar as imagens que vemos. A imagem é um manancial de informação, mais condensado e mais complexo do que, por norma, estamos habituados a encontrar em qualquer texto escrito.
Através de exemplos de experiências de leitura de livros sem texto, que se têm feito com crianças em idade pré-escolar, podemos entender:
a) até que ponto as crianças estão preparadas para interpretar as imagem que lhes propomos, nos livros que existem no mercado;
b) que tipo de livros de imagens, são mais do seu agrado e porquê;
c) em que medida os adultos que trabalham com crianças, estão preparados para retirar deste tipo de trabalho - a leitura de imagens -, lucros significativos a nível do desenvolvimento da criatividade e capacidade de descodificação destes textos visuais.

  • Intervenção precoce na aprendizagem da leitura e da escrita

Joana Cruz

A aprendizagem é o reflexo de dinâmicas que ocorrem ao nível de toda a comunidade educativa, pelo que se torna uma preocupação autárquica a promoção do sucesso escolar desde os primeiros anos de escolaridade. Considerando a relação entre o sucesso escolar e a aprendizagem da leitura e escrita, a Câmara Municipal de Matosinhos decidiu desenvolver um programa de promoção de competências pré-leitoras, que se assumem como preditoras da aquisição inicial da leitura/escrita, designadamente: vocabulário, conhecimento morfo-sintáctico, consciência fonológica e conceptualizações sobre a linguagem escrita.O projecto começou a ser desenvolvido no ano lectivo 2005/06 e actualmente abrange toda a rede de educação pré-escolar pública, bem como as IPSS’s do concelho de Matosinhos. Nesta apresentação serão apresentados os objectivos, estratégias e metodologia de avaliação utilizados, assim como os resultados obtidos no presente ano lectivo. Serão igualmente abordados os resultados de um questionário de caracterização das práticas de literacia familiar.

  • Ler para Crescer: experiências de promoção do livro e da leitura desde o pré-escolar

Inês Vila

O projecto “Ler Para Crescer” foi apresentado pela Biblioteca Municipal de Ílhavo à Fundação Calouste Gulbenkian, em Março de 2007 no âmbito do Programa Gulbenkian de Língua Portuguesa, Programa de Apoio a Projectos de Promoção de Leitura em Bibliotecas Públicas, tendo sido aprovado em Julho de 2007. O principal objectivo deste projecto é promover e fomentar o gosto pelo livro e pela leitura desde a 1ª idade no Jardim-de-infância, na Biblioteca Municipal e em casa.
Pretendemos dar a conhecer as nossas motivações para a apresentação, implementação, desenvolvimento e funcionamento deste projecto: 54 sessões por cada uma das salas dos jardins-de-infância; acções de sensibilização para pais; acções de formação para educadores e mediadores de leitura ao longo dos 3 anos lectivos.
A nossa comunicação incidirá na partilha do trabalho que tem vindo a ser desenvolvido ao longo destes dois anos e os resultados que temos vindo a alcançar, bem como, o testemunho de educadores, pais e técnicos envolvidos no projecto. O nosso objectivo será transmitir as nossas estratégias, práticas e livros utilizados e como ao longo destes dois anos temos “tentado” promover o livro e a leitura junto destas 140 crianças em idade pré-escolar.

  • Literacia Familiar – Diferentes olhares sobre o papel da família na promoção da literacia emergente

Lourdes Mata

Quando falamos de literacia familiar, podemos estar a referir-nos a concepções diferentes. Inicialmente este termo foi usado para descrever práticas de literacia diversificadas que se desenvolviam em casa e na comunidade, ou seja sobre os modos como as pessoas aprendem e usam a literacia nas suas vidas em casa e na comunidade. Actualmente, este termo por vezes reenvia para uma concepção menos descritiva e mais prescritiva, relacionando-se com muitos programas de intervenção no âmbito da literacia familiar, centrando-se muitos deles no ‘déficit’ procurando aplicar a mesma actuação a um conjunto complexo de diferentes situações sociais. Muitas vezes, neste âmbito, prescrevem-se formas de actuação para os pais desenvolverem em casa com os filhos, transpondo actividades e estratégias do meio escolar para o meio familiar. Neste sentido procuraremos reflectir, ao longo da comunicação, sobre o grande desafio que se nos coloca actualmente, de modo a conseguirmos a participação e colaboração dos pais de uma forma integrante e integrada, respeitando e valorizando a diversidade dos seus hábitos e actividades de literacia, mesmo quando estes não são muito consistentes nem frequentes. É um facto que se desenvolvem diferentes práticas de literacia no dia-a-dia das famílias, sejam elas de um estatuto sociocultural mais elevado ou mais baixo, sendo assim necessário identificá-las, valorizá-las, dar-lhes visibilidade e introduzir intencionalidade na sua exploração, tornando-as muito mais completas e ricas. Certamente que uma interacção multiplicada no tempo e multifacetada em actividades de literacia reais, significativas e funcionais, poderá ter um impacto muito superior no desenvolvimento da literacia das crianças, do que actividades pontuais, por vezes desenraizadas e tecnicistas. Procuraremos acompanhar esta nossa reflexão com os resultados de alguma investigação desenvolvida nos últimos anos sobre as práticas de literacia familiar e a sua relação com os conhecimentos emergentes de literacia das crianças.
  • Niños "ilustrados" - las actividades con álbumes como contexto de aprendizajes

Teresa Corchete Sánchez

Las imágenes en los libros infantiles tienen una función que trasciende lo puramente ornamental y el cumplimiento de una función subsidiaria del texto. En los libros-álbum, la ilustración se incorpora como un componente enormemente sugerente y comunicador, y se articula como un lenguaje que desarrolla una gramática propia, estructurado según un código que transmite significados y que se regula según ciertas reglas. Hablando de aprendizajes, lo anterior sugiere la conveniencia de que el niño que se inicia en este lenguaje (y estamos hablando de bebés) aprenda y maneje cuanto antes las convenciones y pautas que regulan la particular forma de comunicación y de expresión propias de la imagen. Por otro lado, si tenemos en cuenta el hecho de que la gramática de la imagen está aún muy poco trabajada en la escuela, se hace necesario insertar, en las programaciones de los espacios culturales y educativos, estrategias y contenidos específicos que permitan maximizar el disfrute y los aprendizajes que los niños puede obtener de este potente “artefacto lector”, y que contribuyan, en paralelo, a educar su gusto estético.En esta intervención, se expondrán algunas estrategias y actividades básicas para acercar con eficacia los álbumes a los niños, dentro de un marco contextual que tiene como principales vértices:- El Álbum, en el que el ilustrador actúa con la intención de contar algo, crear algo estético, transmitir mensajes explícitos o implícitos, entretener, enseñar...- El Lector, que también tiene una intención implícita al acceder a la lectura del álbum: divertirse, aprender...- El Mediador, intermediario no imprescindible, pero necesario al menos en los primeros encuentros del pequeño lector con el álbum. Para ilustrar la exposición, se incluirán algunas reflexiones imprescindibles sobre el lenguaje de la imagen y las capacidades e intereses del niño, así como breves referencias al panorama editorial.

  • Para que servem as imagens
    Eva Mejuto

In an illustrated album, text and image constitute a double narrative, two articulated languages, united through an independent relationship, mutually complementing and enriching each other. To understand the album, it is necessary to read the images and appreciate the resources they offer and their importance for a visual education for early readers. The album, for many, will be the first museum, the first contact with art: figurative or abstract, that will help to educate the eye and to create in the youngest ones a criteria to evaluate the aesthetic.

We see in the critique of the album an exhaustive analysis of the narrated text, but it fails in many cases in the analysis and critique of the images from an artistic point of view. The images are visual elements that allow communication and of which we should learn to interpret the signs and symbols shaping the language. Going from the concept of the text to the visual representation is not only to stage, it is also a change, bringing us closer to another world, rich and complex, with its laws and grammar. Sophie Van de Liden emphasized that illustrating a text is not to translate the text into images but to create a thought, a feeling expressed by the words.

In this theoretical – practical workshop we shall expound the case of OQO publisher in the creation of an illustrated album and we shall underline the need to value the resources offered by the images and to learn to read them. For that, we shall take a trip through the history of illustration and the illustrated book, to take a closer look at the birth and definition of the “illustrated album” and defining and exemplifying the characteristics and parts that give shape to it: Title page, back cover, spine, cover, credit page, body… and the functionality of each one.

We shall analyse the album as an object and its content, paying special attention to the relationship text/illustration and especially to the distinct functions of the image. We shall define and analyse the distinct functions of the image within the album, of which we shall highlight the following:

1- REAFIRM THE CONTENT OF THE TEXT.

2- PRESENT AND DESCRIBE THE CHARACTERS.

3- CREATE AND RECREATE A DETERMINED ATMOSPHERE.

4- SHOW WHAT THE WORDS DO NOT EXPRESS (FEELINGS, EMOTIONS…).

5- ADVANCING ELEMENTS OF THE NARRATIVE (PROLEPSIS).

6- DECORATE AND EMBELLISH THE TEXT.

7- PUT THE STORY INTO CONTEXT (TIME, SPACE…).

8- ANNOUNCE A CHANGE IN THE NARRATIVE, SUBJECTIVE NARRATION.

9- TELLING PARALLEL STORIES, SECOND READINGS OF THE IMAGES.

10- ENRICHING THE OBSERVER: INTERTEXT AND PARATEXT.

We shall also define and analyse the distinct components of the image and how the distinct visual components can communicate with each other and the reader.

We shall take a look at examples of illustrations and analyse, in them, the communicative value of a dot, line, light colour, texture, perspective, movement and composition.

We shall also analyse the distinct artistic techniques, material used and the distinct styles present in the illustrations: collage, acrylic, water-colour, sculptures, photographs, mixed techniques…

We shall make a special mention of how children perceive the image and we shall treat the importance of the illustration in bringing art closer to children through the work of the Italian illustrator Maurizio A. C. Quarello and direct and indirect references of artists such as Piero della Francesca, Goya, Grosz, Caravaggio, Bruegel and Hopper among others, in their illustrated albums.

This workshop will be, initially, three hours; however it could be adapted to the needs of the organization.

Material to be used will be a lap-top with video projector, distinct illustrated albums and original illustrations.

This workshop will be carried out using illustrated albums by OQO publisher, and the examples to be used form part of 50 works of the aforementioned publisher.

  • Promoção da literacia em adultos e crianças no Projecto A PAR

Maria Emília Nabuco

O Projecto A PAR desenvolve um conjunto de acções, de acordo com sete objectivos:
1. Afirmar o papel crucial dos pais e cuidadores na sua função de educadores das crianças pequenas, embora sempre em parceria e interacção com a complexa rede de relações educativas existentes;
2. Promover nos pais e cuidadores a consciência de que os processos de aprendizagem estão presentes desde o nascimento e que o desenvolvimento das crianças pode ser potenciando através de um envolvimento mais consciente nas actividades e interacções com as suas crianças no dia a dia;
3. Ajudar os pais e cuidadores no seu relacionamento com as crianças para que promovam desde cedo um harmonioso desenvolvimento afectivo e emocional dos seus filhos, contribuindo para uma boa auto-estima dos mesmos;
4. Ajudar os pais e cuidadores a proporcionar às suas crianças o desenvolvimento de predisposições positivas para a aprendizagem, sendo a ludicidade e as expressões (música, movimento, poesia, literatura, dramatização) os veículos promotores dessa mesma aprendizagem;
5. Ajudar os pais e cuidadores no desenvolvimento da literacia das suas crianças (incentivando-os a ler livros diariamente com os seus filhos desde a mais tenra idade), e da numeracia (despertando neles a consciência de que são as situações do dia a dia, vividas em família, aquelas que mais podem contribuir para a aprendizagem das noções básicas da matemática);
6. Promover entre pais redes de suporte mútuo para a educação dos seus filhos. Redes que se reflectirão na construção duma comunidade empreendedora e criativa;
7. Promover e dar suporte ao desejo dos pais e cuidadores, enquanto adultos, de quererem continuar a aprender ao longo da vida. Esta aprendizagem é construída nos grupos, nas experiências que são incentivados a realizar em casa com os seus filhos e na reflexão que desenvolvem a partir destas mesmas experiências.